Tenho recebido na clínica muitos pais preocupados com a relação com o filho, são frequentes algumas falas: “quando ele era criança, nós éramos tão próximos, hoje conversamos muito pouco”, “com os amigos ele é diferente”, “estou preocupada (o), não sei se algo sério está acontecendo com ele”. Na conversa com os adolescentes, é comum, dizerem que a sua opinião parece não ser levada em consideração pelos pais, suas angústias e conflitos parecem não ser ouvidos, acolhidos e/ou compreendidos, o que é entendido por eles como falta de amor e preocupação dos pais.
O que acontece na passagem da infância para a adolescência? A adolescência é um período de inúmeras mudanças, descobertas, incertezas e curiosidades. É natural e saudável que o adolescente se aproxime dos amigos e goste de estar com eles, pois nesta fase eles têm a necessidade de pertencer a um grupo, no qual se identifique, seja pelas semelhanças ou diferenças em suas opiniões, interesses. Isto deve acontecer e ser estimulado pelos pais, especialmente, no momento atual em que cada dia mais, observamos adolescentes com dificuldades no convívio social. É possível a adolescência ser vivida, em sua totalidade, sem que ocorra o prejuízo na relação com os pais.
É necessário a constante reflexão da relação que os pais estabelecem com os filhos e os filhos com os pais. O cuidado e tempo dispensados nas atividades cotidianas são essenciais, mas a importância do afeto não pode ser esquecida, pois todos têm a necessidade de sentirem-se amados, importantes e reconhecidos e a certeza de que o que pensa e sente interessa ao outro.
Psicóloga – Yara Lúcia Sachetim Donadel.