O suicídio é considerado um tabu em nossa sociedade. Muito pouco se fala a respeito deste tema, o que provoca desinformação. Nos últimos anos, houve um aumento significativo do número de suicídios em adolescentes. O conhecimento acerca deste assunto e o reconhecimento precoce dos comportamentos considerados de risco têm-se mostrado como estratégia eficaz na prevenção do suicídio. Não é possível ficar indiferente diante do desejo de um adolescente em morrer por iniciativa própria.
O comportamento suicida evidencia um sofrimento intenso do adolescente que se encontra em dificuldade e não consegue encontrar alternativas ou uma solução possível. Os comportamentos de risco, as ideias de morte e as tentativas de suicídio, propriamente ditas, se sucedem no tempo de maneira sequencial, progressiva, com repetição de atos ou ocorrências cada vez mais graves, como forma de comunicação apresentada pelo adolescente, após eventuais tentativas anteriores incompreendidas, ignoradas ou mal-entendidas pelos amigos, escola, familiares e demais pessoas de seu convívio.
As exigências próprias da adolescência (tal como a necessidade de desenvolvimento de autonomia em relação aos pais, em seu processo de construção de identidade), atreladas às características da cultura e da sociedade contemporânea, marcadas pelo individualismo, e fragilização dos vínculos afetivos, têm favorecido o sofrimento psíquico, que pode manifestar-se como tristeza, pessimismo, insegurança, confusão, medo e ansiedade. O suicídio ocorre, muitas vezes, como reflexo de conflitos internos, sentimentos de depressão e ansiedade que acompanham a profunda reorganização física, psíquica e social que ocorre na adolescência. Alguns fatores de risco favorecem, de maneira individual ou associada, o comportamento suicida, tais como: uso de álcool e drogas, dificuldades nas relações familiares, isolamento social, transtornos alimentares, baixa autoestima, exposição à violência, sentimentos depressivos.
O comportamento apresentado pelo adolescente (evitar o contato com amigos e familiares, recusa em frequentar o ambiente escolar, ficar por muito tempo sozinho no quarto, permanecer durante horas nas redes sociais), costuma ser considerado como típico da adolescência, quando pode ser um sinal de adoecimento. Assim, o conhecimento à respeito da adolescência, considerando os comportamentos e conflitos que permeiam esta fase tão particular da vida, é de extrema importância para a identificação de possíveis riscos e para a busca por ajuda profissional. O apoio de familiares, amigos e profissionais qualificados é essencial para que o adolescente se sinta acolhido em suas dificuldades, consiga expressar os seus sentimentos e possa lidar com os seus conflitos de maneira saudável.